ENTREVISTA EXCLUSIVA: MULHERES TECH

 

No Brasil, as mulheres representam apenas 33% das pessoas que se formam em carreiras STEM (sigla em inglês para Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática), segundo dados da Unesco. Gerente da área de Redes da TIM Nordeste, Janaína Cavalcanti é uma dessas poucas mulheres na área e encontrou na companhia oportunidade de carreira. Vale destacar que, no cenário pós-COVID, áreas de TI e inovação demonstram que terão grande destaque no cenário mundial, por isso a necessidade e urgência em falar sobre o incentivo às mulheres, para que estejam abertas a novas possibilidades nessa nova e promissora realidade.

Entrevista com: Janaína Lima Cavalcanti – Gerente da área de Redes da TIM Nordeste

Como a área da tecnologia entrou na sua vida?

Desde cedo tive curiosidade e interesse maior nos assuntos relacionados às formas de comunicação, que anteriormente eram bem mais limitadas, mas não menos interessantes. O desenvolvimento das comunicações, chegando ao mundo atual de telecomunicações, é uma jornada muito interessante.

Com o interesse pela área você investiu em quais cursos de qualificação e profissionalizantes?

Iniciei com formação técnica em Eletrônica e na sequência fiz o curso de Engenharia Eletrônica. Iniciei minha carreira na área de telecomunicações e tinha a necessidade de continuar estudando. Resolvi investir em especializações e MBA em gestão e qualidade de serviços voltados para a área de Telecomunicações, além de atualizações frequentes dentro da empresa, voltadas para acompanhar a evolução do mundo de telecom e suas aplicações.

Como descreve a sua carreira na área da tecnologia, principalmente por ser mulher e a área ainda ser predominantemente masculina? Como é o seu ambiente corporativo com os seus colegas de trabalho?

Trabalho na TIM desde 1994 e iniciei na empresa como técnica em Telecomunicações. Com as minhas qualificações, passei pelos cargos de engenheira, e atualmente como manager da área de Operação de Redes. Hoje, sou responsável por mais de 32 subordinados, sendo praticamente todos homens, e cuido de um território composto por oito estados, de Alagoas a Bahia.

Para me sentir bem no ambiente de trabalho, preciso construir bons relacionamentos com meus colegas e gestores, ter dedicação e foco e conhecer bem a tecnologia com que trabalhamos. O setor de telecomunicações é muito interessante, por estar em constante mudança e ser extremamente desafiador. A alegria com que todos encaramos nosso trabalho não vem apenas de nossa força de vontade, mas de nosso contínuo esforço para nos desenvolvermos em todos os campos, seja na área técnica, na gestão de pessoas e equipes ou na forma com que nos mantemos motivados. É fruto de investimento constante. Não podemos ficar parados. Não podemos ter uma postura passiva, aguardando que fatores externos nos motivem. A principal motivação tem que vir de dentro e contagiar quem está à nossa volta.

Posso dizer que é uma função arrojada, extremamente dinâmica, que demanda acompanhamento contínuo, mas que permite sensação de realização a cada meta superada, a cada falha corrigida em menor tempo e que pode ser sim realizada por uma mulher.

Como a TIM estimula a participação feminina na área?

A cultura da empresa é o que mais me chama atenção. Em todo o tempo que trabalho aqui, nunca percebi qualquer postura discriminatória em relação a gênero. Ao contrário, sempre me senti acolhida em todas as equipes que passei. Tive vários gestores diretos, homens e mulheres, e todos sempre souberam lidar com os funcionários de forma exemplar. Portanto, acho que a palavra chave é “oportunidade”, que sempre surge para aqueles que se destacam, independentemente de gênero.

É fato que, nas equipes técnicas, sempre houve maioria de homens, mas creio que esse desequilíbrio ainda decorre de fatores existentes no passado, os quais têm se modificado.

A TIM me permitiu mostrar que o trabalho a ser desenvolvido por uma mulher em atividades no campo (externas) em uma área majoritariamente masculina, poderia trazer os mesmos resultados desenvolvidos por homens. As atividades de campo incluem subir em torres, carregar malas de ferramentas, instrumentos, equipamentos, fazer manutenção. Essa foi também a maior conquista da minha trajetória. Se não fosse a empresa acreditar e reconhecer as minhas qualificações, não teria feito carreira na companhia, tendo o meu trabalho reconhecido e hoje não estaria ocupando um cargo de confiança, sendo responsável por 20 funcionários, sendo a maioria homens.

Recentemente, a TIM realizou o encontro virtual Mulheres Tech! para incentivar a representatividade feminina nessas áreas, pois sabe o quanto ela é importante. Além disso, a companhia iniciou um percurso em parceria com as universidades para incentivar a escolha por essas carreiras, em linha com as oportunidades que surgirão no novo mundo de trabalho pós-pandemia. A TIM é uma empresa comprometida com a valorização de toda diversidade e promoção de uma cultura inclusiva, isso também significa estimular maior participação feminina em áreas do nosso negócio como TI, inovação e infraestrutura.

Na sua opinião, por que ainda existem poucas mulheres na área da tecnologia?

Vejo como uma questão cultural, mais evidente se considerarmos as décadas passadas, cujo reflexo ainda vemos no mercado atual. Não entendo que haja nenhum tipo de preconceito na formação profissional, seja nas escolas técnicas ou universidades. O que se via no passado era um menor interesse das mulheres pelas carreiras da área de ciências exatas. Vivi essa época, sendo uma das poucas mulheres nas turmas de engenharia. Atualmente, já vejo um pouco diferente, pois as aplicações mais diretas da tecnologia na vida das pessoas e a grande disponibilidade de informação têm despertado um interesse maior das mulheres na escolha por áreas voltadas a engenharia e tecnologia da informação.

Gabriela Bandeira
Comunicativa, antenada e com atuação há mais de 16 anos na área de assessoria de comunicação, Gabriela Bandeira é jornalista formada pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), com curso de extensão na Universidade de Jornalismo de Santiago de Compostela (Espanha). Em 2019, reuniu toda a sua experiência e expertise em comunicação estratégica e conteúdos digitais, com atuação há mais de 12 anos no segmento de shopping center, e abriu a própria agência: a Comunicando Ideias. Filiada à Associação Brasileira de Agências de Comunicação (ABRACOM), possui alcance na Bahia e outros estados do Nordeste.