Um estudo recente realizado pela Universidade de São Paulo-USP demonstrou que pessoas acima de 30 anos que tinham mais de 20% das calorias da dieta representadas por alimentos ultraprocessados, apresentavam taxas de diminuição da cognição mais rápidas. Isso quer dizer que, à medida que essas pessoas envelheciam, apresentavam mais rapidamente um declínio na cognição do que aquelas que ingeriam uma quantidade menor desse tipo de alimento. Os resultados foram apresentados na Conferência Internacional de Alzheimer, realizada em San Diego, nos Estados Unidos, realizada este ano.
A coloproctologista do Centro Estadual de Oncologia (Cican), Glicia Abreu, explica que essa associação pode estar relacionada ao desenvolvimento de lesões cérebrovasculares e a processos inflamatórios crônicos provocados pela ingestão desses alimentos ultraprocessados. “Embora seja uma notícia desalentadora, uma vez que estamos acostumados, cada vez mais, com o consumo desses tipos de alimentos, inclusive na infância, a adoção de hábitos de vida saudável pode proteger o nosso cérebro à medida que nos tornamos mais velhos”, ressalta.
A médica lembra que uma alimentação pobre em fibras está associada ainda a sintomas intestinais como constipação, mas conhecida como prisão de ventre, e ao surgimento de problemas proctológicos como hemorroida e fissura. Além disso, prossegue Glicia, uma dieta pobre em fibras e com uma alta ingestão de carne vermelha predispõe ao câncer de intestino. “A ingestão de carne cozida deve ser reduzida a 500g/semana para diminuir o risco desse tipo de câncer”, alerta.
Nesse sentido, Glícia Abreu reitera melhor prevenir continua sendo o melhor remédio. “Ingerir uma dieta rica em fibras, fazer atividade física regular e manter uma boa hidratação, além de melhorar o nosso ritmo intestinal, ajudar no controle do peso e no bom funcionamento do coração, pode produzir também um impacto positivo na nossa saúde cerebral”, conclui.