Nascido no município de Pojuca, interior da Bahia, João começou a sua trajetória nas artes cênicas há 15 anos. Buscando furar a bolha elitista da comédia no Brasil, João começou a apresentar seus personagens publicamente na internet, quando esse movimento ainda era mantido à margem dos espaços “oficiais” para consumir humor nos veículos de comunicação.
Filho de Dona Ana, professora da rede pública, quando ainda era menino, João escrevia sobre os jogos, programas de televisão e filmes que assistia, e sonhava em ser autor de livros desde os 8 anos. Escrevia sobre o que tinha entendido de tudo aquilo, porque queria lembrar depois. Na época João chegou a escrever suas próprias revistas em quadrinho, sempre incentivado pela mãe.
Em 2006, ele foi aluno de um projeto social que deu o pontapé inicial na sua vida artística. Ele escrevia e não se apresentava publicamente por conta da timidez. Mais tarde começou a trabalhar no projeto e escreveu sua primeira peça com o personagem “Pé de pranta”. Foi um período de difícil acesso aos teatros e João nunca conseguiu espaço nem oportunidade para mostrar o seu material.
A história do jovem negro, baiano, comediante, nerd e influenciador digital que conhecemos hoje, começou a se desenhar quando ele decidiu publicar a sua produção na internet. No ano de 2010 o caminho de João foi o Orkut, e foi preciso criar 12 perfis para enviar mensagens para as pessoas, amigos e contatos do site, uma por vez.
“Basicamente, as pessoas que produziam na internet estavam agindo à margem do sistema, pois não tinham conseguido espaço nas mídias de massa. Então em março de 2011 eu publiquei o primeiro vídeo no Youtube e enquanto fazia um curso de T.I. em Camaçari vi um pessoal assistindo meu vídeo. Aí eu tive a dimensão de que estava alcançando mais gente”, relembra João sobre o começo do seu reconhecimento na internet.
João tem duas formações, em mineração e em publicidade e propaganda, que foi a área em que mais atuou nos últimos anos. Enquanto isso, toda semana produzia conteúdo para a internet. Agora ele integra o grupo de humoristas do Portas dos Fundos e neste momento está longe da sua família e conquistando seu espaço depois de 15 anos de trabalho.
Ainda sem acreditar nos últimos acontecimentos, João tem seu quadro, “Cozinha com Pimenta”, com humor ácido e receitas no Porta dos Fundos. Dono de um sorriso contagiante e um timbre de voz inconfundível, João tem pensamento rápido e consegue mesclar o dialeto nerd com as piadas em bom baianês.
“Durante muito tempo a comédia brasileira foi uma seara elitista, extremamente machista, homofóbica e racista. Isso era aceito e normalizado com um posicionamento completamente bizarro. Em contrapartida surgiu uma galera que é diferente disso e está fazendo uma comédia sem oprimir quem já é naturalmente oprimido pela sociedade, mulheres, gays, trans e negros”, João comemora os trabalhos produzidos com qualidade e utilizando a comédia como ferramenta política de construção social coletiva.
João tem muitos projetos engatilhados para 2021 e tem planos de puxar outros parceiros de trabalho nesse caminhar de vitória para uma conquista que vai quebrar as barreiras dos preconceitos. Sabendo que esse ano foi um dos mais difíceis para a nossa sociedade, ele se sente acalentado pelo seu trabalho e acredita no seu potencial de representar os seus.
Ele ficou conhecido na web como o humorista nerd, comprometido com a identidade do estado em que nasceu, e faz sucesso criando redublagens de famosas produções cinematográficas, imitação de personagens, paródias e esquetes de situações cotidianas dos baianos, de um jeito bastante peculiar.
João é um artista reconhecido por outros grandes nomes da Bahia, como Ivete Sangalo, Tony Sales e Tia Má. Além disso, esse ano, realizou trabalhos significativos com Kondzilla, que produz um conteúdo voltado para o público de favela no Brasil.
