Baobá Saúde reforça importância do cuidado integral no Dia Nacional de Mobilização Pró-Saúde da População Negra

No Dia Nacional de Mobilização Pró-Saúde da População Negra, a clínica Baobá Saúde, idealizada pela psicóloga Laíse Brito, 35 anos, reforça a urgência de discutir e ampliar o acesso da população negra a um cuidado integral, humanizado e representativo. Localizada no bairro Caminho das Árvores, a clínica nasceu em janeiro deste ano com o propósito de quebrar barreiras históricas que afastam pessoas negras, indígenas e LGBTQIAP+ dos espaços de promoção da saúde física e mental.

O Dia Nacional de Mobilização Pró-Saúde da População Negra, celebrado em 27 de outubro, é um chamado à reflexão e à ação sobre as desigualdades raciais que atravessam o acesso, a qualidade e os resultados da saúde no Brasil. Criada para fortalecer políticas públicas e movimentos sociais em defesa da equidade racial, a data busca garantir que o cuidado em saúde também seja um direito vivido e não apenas previsto em lei. A Política Nacional de Saúde Integral da População Negra (PNSIPN), criada em 2009, é um dos principais instrumentos para efetivar esse compromisso. Ela orienta a promoção da equidade racial no SUS, reconhecendo o racismo como determinante social de saúde.

Inspirada pela simbologia da árvore africana que dá nome ao espaço, símbolo de força, ancestralidade e resistência, a Baobá Saúde se consolidou como um refúgio terapêutico que une ciência, acolhimento e identidade. “Cuidar da saúde da população negra é reconhecer histórias, corpos e subjetividades. É combater o racismo institucional, preparar equipes para um atendimento antidiscriminatório e garantir representatividade nos espaços de decisão. É compreender que a dor da população negra é real, que sua escuta é urgente e que seu tratamento deve respeitar suas especificidades biológicas, sociais e simbólicas” compartilha Laíse Brito, psicóloga e fundadora da Baobá Saúde

A Baobá Saúde oferece serviços de psicologia, psiquiatria, microfisioterapia, estética e psicopedagogia, sempre em um ambiente pensado para acolher, desde o primeiro contato até o acompanhamento terapêutico.

“O racismo adoece, e se queremos falar de prevenção e de promoção de saúde, precisamos olhar para o impacto do racismo nas dimensões física, emocional e espiritual das pessoas negras. É isso que a Baobá se propõe a transformar”, reforça Laíse.

Neste mês de outubro, em sintonia com a mobilização nacional, a clínica promove uma série de atividades voltadas para o bem-estar emocional da população negra, além de grupos terapêuticos quinzenais. As ações integram um calendário permanente de atividades que mesclam encontros presenciais e virtuais, alcançando pessoas de outras regiões do país.

A população negra representa mais de 56% dos brasileiros, segundo o IBGE, e ainda enfrenta barreiras estruturais que impactam diretamente seu bem-estar físico e mental. Dados do Ministério da Saúde indicam que pessoas negras têm maior risco de mortalidade materna, maior incidência de hipertensão e diabetes, e menos acesso a serviços especializados de saúde. Esses números revelam o quanto o racismo estrutural se manifesta também no campo da saúde, gerando desigualdades que atravessam gerações.

“Quando pensamos em saúde, é preciso compreender que não se trata apenas de ausência de doença, mas de qualidade de vida, de pertencimento, de reconhecimento do nosso valor. A população negra carrega dores e potências que precisam ser escutadas”, destaca a psicóloga.

A data (27/10) também é sobre resistência e reconstrução. É um convite para profissionais, gestores e usuários do Sistema Único de Saúde (SUS) a reconhecer que saúde é um direito coletivo, e que garantir esse direito requer uma abordagem sensível às diferenças raciais, étnicas e culturais.