Mitraclip surge como alternativa segura e eficaz para pessoas idosas com insuficiência mitral

Inovação da hemodinâmica é indicada para pacientes cardíacos que não podem se submeter a cirurgias convencionais

Nos últimos anos, o Brasil testemunhou um aumento significativo na expectativa de vida de sua população, um reflexo direto dos avanços na medicina. Projeções da Organização Mundial da Saúde (OMS) indicam que o país alcançará a impressionante marca de 32 milhões de indivíduos com 60 anos ou mais até 2025, colocando-o como o sexto país com a maior população idosa do mundo. Com o envelhecimento populacional, surgem desafios específicos relacionados à saúde cardiovascular, a exemplo da regurgitação ou insuficiência mitral, uma condição que afeta a válvula mitral do coração.

Quando esta válvula não fecha completamente, há refluxo de sangue para o átrio cardíaco esquerdo durante a contração ventricular, quadro que pode causar sintomas como falta de ar, fadiga, tontura e palpitações, os quais impactam significativamente na qualidade de vida dos pacientes idosos. Diante desse cenário, a medicina tem criado soluções inovadoras, a exemplo do tratamento transcateter da valva mitral com o MitraClip, dispositivo minimamente invasivo desenvolvido para tratar a regurgitação mitral, sobretudo em pacientes com idade avançada ou com doenças associadas, em que a cirurgia convencional apresenta um risco muito alto.

Segundo o cardiologista intervencionista baiano Sérgio Câmara, o MitraClip representa um avanço significativo na cardiologia intervencionista, por oferecer uma alternativa segura e eficaz para pacientes com contraindicações para cirurgias convencionais. “O MitraClip é implantado no coração por meio de um cateter inserido na veia femoral, proporcionando uma correção da função da válvula mitral sem a necessidade de uma cirurgia aberta”, explicou.

Essa abordagem minimamente invasiva reduz os riscos associados a procedimentos cirúrgicos convencionais, especialmente em pacientes idosos ou com condições médicas complexas. Ainda segundo Sérgio Câmara, após a implantação do MitraClip, os pacientes relatam uma melhora significativa em sua qualidade de vida. “Sintomas como falta de ar, fadiga e palpitações diminuem, permitindo que os indivíduos retomem suas atividades cotidianas com mais conforto e bem-estar”, destacou.

O desenvolvimento de tecnologias como o MitraClip sinaliza uma evolução na abordagem de condições cardíacas complexas em pacientes idosos. O uso de técnicas minimamente invasivas e avanços em imagem prometem ampliar ainda mais o leque de opções terapêuticas disponíveis, oferecendo tratamentos mais eficazes e seguros para essa crescente parcela da população. “Novas tecnologias como o MitraClip representam uma esperança real para uma vida mais saudável e ativa, mesmo em idades avançadas”, disse o hemodinamicista Sérgio Câmara.

Exames de imagem pré-operatórios, como o ecocardiograma transesofágico 3D, são fundamentais para definir aqueles pacientes que podem se beneficiar desse tratamento. Além disso, esses exames podem avaliar os resultados. Outras inovações que estão sendo desenvolvidas são as próteses mitrais por cateter, que em um futuro próximo farão parte do arsenal terapêutico do tratamento da insuficiência mitral.

A insuficiência mitral é uma das principais causas de insuficiência cardíaca. A valva mitral está localizada dentro do coração, entre o átrio esquerdo e o ventrículo esquerdo. Abre para o sangue passar do átrio ao ventrículo e se fecha quando o ventrículo se contrai para direcionar o sangue para a aorta, e daí para todo o corpo.