Formação de professores no contexto da cibercultura

*Por Viviane Brito – CEO do Villa Global Education

Revisitar o Plano de Tecnologia Educacional da escola tornou-se uma ação imperiosa diante das transformações ocorridas nos últimos cinco anos, especialmente durante a pandemia, que trouxe os professores, obrigatoriamente, ao complexo uso das tecnologias digitais para o ensino e a aprendizagem¹. A urgência de se colocar em prática as aulas remotas e a consequente interlocução com os alunos em novas linguagens, nem sempre ofereceu as condições necessárias para a formação eficaz dos professores que passou por um certo reducionismo, ou seja a visão de que o domínio de competências digitais era suficiente para a docência com novas linguagens.

A experiência nesse período, porém, demonstrou que os desafios metodológicos enfrentados foram muitos, ainda permanecem e continuam a exigir atenção das instituições quanto aos modelos de formação docente. Essa constatação se consolida a partir de pesquisas, apontando que a formação dos professores precisa ser repensada e integrar-se ao Plano de Tecnologia Educacional, como condição, para que o uso de tecnologias digitais com os alunos revista-se de consistência e coerência. Partilho a leitura do artigo “Tecnologias Digitais, Formação Docente e Práticas Pedagógicas”, citado no rodapé, como um subsídio importante para que o gestor revisite o trabalho formativo na sua instituição, considerando o desenvolvimento de quatro campos de competências, apontados pelas autoras, como cruciais para uma ação docente eficaz: fluência digital, prática pedagógica, planejamento e mediação pedagógica.

O estudo mostrou que os docentes com domínio da competência “fluência digital” modificaram suas práticas pedagógicas, a partir de experiências individuais e coletivas, colocando foco principal, portanto, gradativamente, na esfera didática, e não mais na instrumentalização para uso de tecnologias. Por outro lado, ao revelarem, também, que as novas estratégias didáticas adotadas são fruto de interlocução com seus pares e não de situações formais, os sujeitos apontam para novos modelos de ações formativas.

Os resultados do estudo colocam os gestores diante de uma realidade inevitável em que a inclusão na cibercultura supõe não só a formação para o uso dos artefatos tecnológicos, mas substancialmente denotam que esse uso, num determinado ambiente, com suas respectivas inter-relações, é o indicador da inserção ou não nessa cultura. Diante desse raciocínio e considerando as constantes e velozes transformações, é preciso repensar a formação episódica e prescritiva dos educadores, transformando-a em contínua, dialógica, voltada para o desenvolvimento de competências de “práticas pedagógicas”, a fim de que os objetivos educacionais sejam, de fato, alcançados.

¹ MODELSKI, D.; GIRAFA, L.M.M; CASARTELLI,A.O. Tecnologias digitais, formação docente e práticas pedagógicas. Educação e Pesquisa, da USP. São Paulo, v. 45, e180201, 2019. Disponível:https://www.scielo.br/j/ep/a/qGwHqPyjqbw5JxvSCnkVrNC/?format=pdf&lang=pt Acesso:18/09/2022

Gabriela Bandeira
Comunicativa, antenada e com atuação há mais de 16 anos na área de assessoria de comunicação, Gabriela Bandeira é jornalista formada pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), com curso de extensão na Universidade de Jornalismo de Santiago de Compostela (Espanha). Em 2019, reuniu toda a sua experiência e expertise em comunicação estratégica e conteúdos digitais, com atuação há mais de 12 anos no segmento de shopping center, e abriu a própria agência: a Comunicando Ideias. Filiada à Associação Brasileira de Agências de Comunicação (ABRACOM), possui alcance na Bahia e outros estados do Nordeste.