Excesso de tempo em frente às telas prejudica o desenvolvimento da criança?

A pediatra Juliana Cabral de Oliveira explica que limitar o uso do celular não precisa ser um castigo, e sim uma oportunidade de brincar e soltar a criatividade

Nunca estivemos tão conectados com o mundo. A pandemia só intensificou o contato das pessoas frente às telas, tanto para trabalho, quanto para entretenimento e até mesmo para serviços essenciais. O consumo de conteúdo por tablets, televisões e notebooks já é uma constante e com os pequenos não é diferente. “A grande questão é o tempo que dedicamos às novas tecnologias”, destaca a pediatra Juliana Cabral de Oliveira. Para a médica, o maior perigo é que os pais perdem o controle do tempo quando um tablet cai na mão de uma criança. “A criança fica quieta e os pais perdem a noção do que elas estão consumindo, aproveitando esse tempo para fazer outras coisas, como trabalhar. Mas, além dos conteúdos perigosos da internet, o excesso de tempo em frente às telas, quando não é associado a outras experiências, como atividades físicas e criativas, pode causar atraso de desenvolvimento motor e social nas crianças”.

O desenvolvimento da criança, principalmente nos primeiros anos de vida, está diretamente ligado às suas experiências. De acordo com a pediatra, o brincar, o contato com os animais e com a natureza, a descoberta de novas habilidades e as interações sociais são essenciais para o aprendizado e não podem ser vivenciados por meio de uma tela. “Isso não quer dizer que os pequenos precisam ficar longe das tecnologias. Eles já nasceram conectados, com uma facilidade enorme para lidar com as ferramentas digitais. O problema é o uso abusivo desses recursos”, explica.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda que crianças de até 2 anos não sejam introduzidas a telas em nenhum momento. A partir dessa idade, elas podem ser apresentadas gradualmente, sempre com supervisão. Para crianças de 2 a 5 anos, é recomendado limitar a uma hora por dia. Dos 6 aos 10 anos, de uma a duas horas diárias. Para adolescentes entre 11 e 18 anos, de duas a três horas por dia é o suficiente.

Para Juliana, um erro comum entre muitos pais é usar a proibição do celular como castigo, ou recompensar o bom comportamento com um tempo extra frente à tela. “Isso pode aumentar a atração pelo celular, semelhante ao que acontece quando oferecemos uma guloseima como recompensa. Além de comprometer o desenvolvimento, essa atividade sedentária está relacionada a um maior risco de obesidade e doenças no futuro e ainda pode causar danos a curto e longo prazo aos olhos das crianças”.

Os limites devem ser dados pelos pais dentro de casa, assim como o bom exemplo. “A quantidade de tempo que as crianças passam em frente às telas é muito influenciada pelo comportamento dos pais. Por isso, é tarefa dos responsáveis pela criança criar momentos para que todos possam ficar offline e dar a oportunidade para elas soltarem a criatividade e brincarem livremente. Brincadeiras em família, experiências culinárias ou de ciências, contação de histórias, desenhos e colagens, prática de esportes, todos esses estímulos favorecem e enriquecem o desenvolvimento neurológico e psicomotor”, comenta.

Gabriela Bandeira
Comunicativa, antenada e com atuação há mais de 16 anos na área de assessoria de comunicação, Gabriela Bandeira é jornalista formada pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), com curso de extensão na Universidade de Jornalismo de Santiago de Compostela (Espanha). Em 2019, reuniu toda a sua experiência e expertise em comunicação estratégica e conteúdos digitais, com atuação há mais de 12 anos no segmento de shopping center, e abriu a própria agência: a Comunicando Ideias. Filiada à Associação Brasileira de Agências de Comunicação (ABRACOM), possui alcance na Bahia e outros estados do Nordeste.