Diversidade de gêneros estimula a riqueza dos resultados

 

Formada em engenharia elétrica pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), Catarina Reuter é responsável pelo planejamento técnico da estrutura de redes da TIM no País. Colaboradora da operadora há 23 anos, a baiana tem hoje uma função estratégica em um setor majoritariamente masculino. Com larga experiência na área de telecomunicações, uma das áreas mais demandadas durante a pandemia do novo coronavírus, ela conta um pouco da trajetória e dos desafios de atuar nesta área. “Comecei com a primeira geração das tecnologias móveis, sistema analógico, e estamos já chegando no 5G”, lembra. Mãe de três filhos, Catarina reforça a importância da equidade de gênero. Para ela, a pluralidade de perfis e ideias contribui para um olhar atento, sensível e diverso.

Nos últimos anos, a TIM tem feito esforços para que a inclusão seja a premissa orientadora do trabalho interno. Atualmente, a operadora possui importante representatividade feminina: 49% do quadro, com 33% delas em posições de liderança, incluindo as gerências. O índice está acima da média de 26% observada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no mercado de trabalho e a meta da TIM é aumentar este número para 35% até 2023. Entre as medidas adotadas com esta finalidade estão o incentivo à participação de mais mulheres em carreiras tecnológicas, onde estão concentradas as profissões do futuro e o negócio da empresa.

1) Neste último ano, a área de telecomunicações ganhou ainda mais relevância em função da pandemia, que gerou necessidade da população estar mais conectada, com várias atividades feitas online. Você se sentiu impactada por isso? Pode nos contar um pouco sobre o que faz no trabalho e como é o cotidiano na área?

A pandemia, ao mesmo tempo que reforçou a necessidade e a relevância dos serviços de telecomunicações, nos cobrou mais agilidade, eficiência e qualidade. Eu, como responsável pelo planejamento técnico da estrutura de redes da TIM, tive minha rotina de trabalho acelerada. Foram muitos planejamentos ao longo do ano, acomodando o orçamento às mudanças de comportamento dos clientes (com maior ou menor demanda pela mobilidade) e pela mudança nos interesses de consumo (aumento do tráfego de vídeo, aplicativos de conferência, redes sociais). O próprio trabalho remoto também alterou profundamente a nossa rotina, pois ficamos quase 100% em home office desde março do ano passado, com reabertura parcial de alguns escritórios posteriormente. Levamos algum tempo para aprender a interagir nesta modalidade totalmente virtual, mas conseguimos nos organizar de forma bastante produtiva e intensa.

2) Qual sua formação e como foi o começo da carreira? Enfrentou dificuldades? Quais?

Eu me graduei em Engenharia Elétrica pela Universidade Federal da Bahia, e ainda antes de concluir o curso fui contratada por uma multinacional de telecomunicações. Acho que dei sorte no momento, pois o setor iniciava o lançamento dos primeiros sistemas móveis, estava bastante aquecido e com carência de profissionais especializados. Todos esperavam por este serviço e havia muita demanda reprimida (para os que não viveram o início da década de 90, havia fila de espera de 6 a 12 meses por um celular!). Ao longo da carreira foram inúmeros desafios, muitos deles em função do “nervosismo” inerente ao setor de Telecom: altamente regulado pela agência (Anatel), muita competição (quatro operadores nacionais). Além disso, é um serviço essencial que se tornou também muito relacionado ao próprio desenvolvimento do país. A variável que equilibra esta equação é muita dedicação para se manter competitivo e inovador. E para isso é preciso se manter atualizado, estudando sempre. Comecei com a primeira geração das tecnologias móveis: sistema analógico, celulares grandes e pesados, e hoje estamos já chegando no 5G.

3) A área de tecnologia ainda é um setor formado majoritariamente por homens, alguma vez se sentiu deslocada em outros lugares/processos seletivos (seja dentro da empresa ou em outras)?

Desde a entrada na UFBA, onde a turma tinha uma presença de 90% de homens, esta condição já estava muito nítida. Hoje temos já uma proporção bem mais equilibrada entre gêneros, o que todavia não se reflete ainda nas camadas mais altas de gestão das áreas mais técnicas. Entretanto, estar em um meio mais masculinizado nunca foi um problema para mim. Ao longo da carreira, passei por poucos desconfortos, mas foram ocasiões realmente muito pontuais. Em uma dessas raras situações, me negaram uma oportunidade de trabalho porque “mulheres engravidam”. E ainda bem que engravidam!! De maneira geral, sempre busquei construir relações de respeito e parceria com fornecedores, colaboradores e gestores, e acho que isto sempre foi mais forte do que a diferença entre os gêneros. Na TIM, tive oportunidade de crescer, de forma saudável e baseada nas minhas entregas e empenho. Ser mulher nunca me travou ou me limitou.

4) Na sua visão, quais os principais desafios para aumentar a representatividade feminina nesta área de tecnologia? Qual a importância da representatividade da mulher em uma área como esta?

Na minha ótica, não há entraves para o ingresso da mulher em Tecnologia. A presença feminina neste setor, intenso e rico em inovação, certamente contribui para um olhar plural, atento e sensível. A diversidade de gêneros se complementa para a riqueza dos resultados. Havendo interesse e vontade para atuar nesta área, a minha dica é agarrar com força as oportunidades que estão surgindo. Cito como exemplo o 5G, que vai permitir uma reviravolta no país, não apenas para Telecom, mas principalmente para a indústria e para o setor de serviços em geral. É preciso, no entanto, se preparar para aproveitar melhor esta onda que está por vir. E uma vez nela, se mantenha capacitada para continuar em pé na prancha!

5) Qual seu pensamento quando olha para o início da carreira e lembra das dificuldades que pensou que – talvez – enfrentaria? E como se sente com esta conquista?

Quando olho para trás penso sempre nas escolhas que precisei fazer para seguir adiante. Tenho três filhos, agora com 18 (gêmeos) e 20 anos, e sempre o mais difícil foi conciliar as demandas e expectativas deles com as entregas do trabalho. O tempo não espera, e você precisa produzir, mas não pode frustrar seus filhos. Como resolver? Muita flexibilidade, conversa franca desde cedo, estar presente de verdade sempre que possível e aprender a gerenciar as próprias frustrações enquanto mãe. Mãe quer se superar em tudo, quer dar o melhor possível para os filhos, mas quando não consegue estar presente pode achar que fracassou, o que não é verdade. Essa transparência e diálogo ficaram mais frequentes quando me mudei para o Rio de Janeiro, e fiquei longe da família. Hoje os vejo crescidos e ganhando independência, e estou certa de que o saldo de tudo é muito positivo.

6) O que a TIM tem feito para garantir a equidade de gêneros? Existe algum programa ou política para inclusão de mais mulheres na empresa? Pode detalhar?

A TIM vem avançando bastante em suas políticas internas, a fim de desenvolver e proteger as profissionais e líderes femininas. Este tema tem sido pauta recorrente nos eventos, promovendo discussões e troca de experiências, principalmente com foco no acolhimento das profissionais mais novas, para que possam se beneficiar das estratégias bem-sucedidas e receber apoio para seu desenvolvimento. Como iniciativas bem recentes, a TIM também aderiu aos Princípios de Empoderamento das Mulheres (WEP), um programa da ONU, além de ter divulgado para o mercado a sua intenção de ter mais que 35% de mulheres em posição de liderança até 2023. A TIM traz o respeito e o cuidado com as pessoas como valores centrais, e isso permeia toda a empresa.

 

7) Qual mensagem você deixaria para mulheres que querem ingressar nesta área? 

A mulher precisa estar onde ela quiser estar, e não há limites para aquelas que desejarem seguir a carreira de tecnologia. As mulheres são muito bem-vindas, e as empresas estão cada vez mais valorizando as competências femininas em seu quadro! Dificuldades podem surgir, como em qualquer outro segmento, mas as portas se abrem para aquelas que estão alinhadas e firmes em seu próprio propósito.

Gabriela Bandeira
Comunicativa, antenada e com atuação há mais de 16 anos na área de assessoria de comunicação, Gabriela Bandeira é jornalista formada pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), com curso de extensão na Universidade de Jornalismo de Santiago de Compostela (Espanha). Em 2019, reuniu toda a sua experiência e expertise em comunicação estratégica e conteúdos digitais, com atuação há mais de 12 anos no segmento de shopping center, e abriu a própria agência: a Comunicando Ideias. Filiada à Associação Brasileira de Agências de Comunicação (ABRACOM), possui alcance na Bahia e outros estados do Nordeste.