Maria Clara Sanjuan relata o aumento de pacientes com dormência nos membros e outras sequelas relacionadas à doença
Após um ano de pandemia, a comunidade científica pôde identificar como algumas repercussões da covid-19 permanecem nos infectados. A Síndrome pós-Covid-19 engloba um conjunto de sintomas que podem aparecer e persistir mesmo após a dita “cura” da infecção, quando o paciente já não transmite mais o vírus, e dura desde algumas semanas até meses. As queixas incluem fadiga crônica; dor intensa no tórax, que causa dificuldade para respirar; falta de ar leve; dores crônicas nos membros e articulações; dores de cabeça; fraqueza nas pernas; fadiga física e mental profunda; inchaço e neuropatia periférica – um problema que afeta os nervos das extremidades do corpo e causa manifestações incômodas como dormência, formigamento e pontadas nas mãos e nos pés.
A angiologista e cirurgiã vascular Maria Clara Sanjuan, sócia da Clínica Sanjuan, alerta que, cada vez mais, tem recebido pacientes no consultório para o tratamento dessa dormência persistente nos membros, seja das mãos, pernas ou pés, além de outras sequelas no âmbito da circulação, já que a covid-19 também pode aumentar a predisposição à trombose – tanto as arteriais quanto as venosas profundas. “A síndrome é relativamente nova no universo da medicina, não sabemos exatamente quanto tempo dura cada sintoma, mas subtende-se que é autolimitada. Além da avaliação atenta e individualizada para cada paciente, analisando seu histórico e buscando tratar os sintomas específicos, oferecendo alternativas para o alívio da dor, a Síndrome pós-covid-19 também é tratada associada à melhora dos hábitos de vida, evitando o sedentarismo e adotando uma dieta equilibrada”, explica a angiologista.
A única forma de evitar a síndrome pós-covid-19 é se prevenindo da infecção e impedindo a transmissão do vírus a partir da utilização de máscaras, higienização das mãos e superfícies com álcool em gel e mantendo o isolamento social.
O alerta para outras doenças
Também por conta da pandemia, todos tiveram suas rotinas alteradas. Maria Clara Sanjuan, explica que, com o home office, muitas pessoas não conseguiram adaptar o ambiente pra trabalhar de casa com qualidade e uma grande maioria têm passado muito tempo sentada, hábito que pode trazer grandes prejuízos para a saúde vascular.
“Pessoas em home office aumentaram suas horas sentadas, aumentaram o sedentarismo e o sobrepeso. Recebo muitos pacientes com queixas secundárias a essa nova situação. Não apenas problemas físicos, como sintomas psíquicos. Temos que cuidar de forma global do nosso organismo. A pandemia é a nossa realidade agora e precisamos valorizar e cuidar dos outros aspectos pra passar por ela de forma tranquila. É preciso se adaptar, buscar se movimentar dentro de casa, estimular as panturrilhas, subir as escadas onde você mora, fazer caminhadas em casa a cada duas horas de jornada de trabalho e aumentar a ingesta de líquidos. A gente precisa insistir na mudança de hábitos de vida, é algo que não tem custo e depende de nós exclusivamente”.
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